O que fazemos

As riquezas dos butiazais

Os butiazais são agrupamentos de palmeiras do gênero Butia, com densidades que variam desde poucas dezenas até várias centenas de plantas por hectare. Existem 22 espécies dessas palmeiras, conhecidas como butiás ou butiazeiros, que ocorrem no Brasil (biomas Pampa, Mata Atlântica e Cerrado), Argentina, Uruguai e Paraguai.

Os ecossistemas de butiazais são reconhecidos pelo seu valor paisagístico, de biodiversidade, histórico-cultural e econômico. Os campos nativos associados aos butiazais abrigam uma grande diversidade de espécies de fauna e flora nativas. Destacam-se gramíneas e leguminosas, com reconhecido valor forrageiro.

Os frutos de butiá têm polpa comestível e contém um coquinho em seu interior. Cada coquinho pode ter duas ou três amêndoas (sementes). Existe uma grande variação genética para as características dos frutos, resultando em várias cores de frutos maduros, além de diferentes tamanhos, texturas de casca e quantidade de fibras na polpa. 

Os frutos são ricos em vitamina C e carotenoides, compostos antioxidantes que atuam na manutenção da saúde. Também apresentam fibras e são fonte de potássio, importantes para regular o funcionamento do organismo. Os butiás podem ser consumidos frescos e usados na preparação de uma grande diversidade de pratos doces, salgados e bebidas. As amêndoas também são comestíveis e podem ser usadas em diversos produtos alimentícios. Elas contêm óleo de alta qualidade, que pode ser usado para desenvolver novos produtos pela indústria alimentícia, farmacêutica e cosmética.

As folhas, as espatas (canoas), as fibras da polpa dos frutos e os coquinhos são usados por artesãos para a produção de bolsas, chapéus, cestos e vários outros objetos utilitários e decorativos.

As plantas são tolerantes a baixas temperaturas. São muito apreciadas para o paisagismo, devido ao belo porte.

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A conservação dos butiazais

Os butiazais são ecossistemas muito antigos, com uma grande biodiversidade associada e uma ampla distribuição nos países de ocorrência (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). No Brasil, podem ser encontrados nos biomas Pampa, Mata Atlântica e Cerrado. Porém, devido às mudanças no uso da terra que vêm acontecendo nos últimos 50 anos, atualmente estão ameaçados de extinção. Para garantir a conservação dos remanescentes dos ecossistemas de butiazais, tem sido desenvolvidas estratégias que permitem a conservação dos butiazais aliada à produção pecuária, ao extrativismo sustentável e ao turismo rural.

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Manejo da pecuária para conservação do butiazal e do campo nativo no bioma Pampa

O manejo conservativo da pecuária é uma alternativa para a manutenção dos processos naturais de regeneração dos butiazais e a conservação do campo nativo no bioma Pampa. Está baseado no uso racional dos campos nativos associados aos butiazais, com exclusões de pastejo e de roçadas durante o inverno. Desta forma, as novas mudas de butiá que se desenvolvem no local podem escapar da ação do pastejo, do pisoteio e da roçada.

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Boas práticas para o extrativismo sustentável (colheita dos frutos)

– Evitar a colheita de todos os frutos dos butiazeiros em uma área. É importante deixar sempre alguns butiás em cada palmeira, para permitir o desenvolvimento de novas mudas e a alimentação dos animais silvestres.

– Não colher frutos imaturos ou danificados, já que estes podem servir como alimento para a fauna e podem contribuir para a regeneração do butiazal.

– Evitar a colheita de frutos em locais perto de rodovias, onde pode haver contaminação com produtos tóxicos derivados da queima de combustível. Também se recomenda evitar a coleta próxima a áreas onde tenham sido aplicados produtos agrícolas (herbicidas, inseticidas e fungicidas).

– Utilizar ferramentas apropriadas para o corte do cacho de butiá, evitando maltratar e produzir danos na planta, prejudicando-a ou comprometendo colheitas posteriores.

Os butiazais prestam importantes serviços ambientais: alimento para as pessoas e a fauna silvestre, matéria-prima para artesanato e agroindústrias, habitat para animais e plantas, participação nos ciclos biogeoquímicos e recursos genéticos.
Rosa Lía Barbieri
Bióloga, doutora em Genética e Biologia Molecular, pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS.